Duas letras

Duas letras. Depois de dois anos. Adoro você por isso, adoro você. Quando me conformo com o seu fim eu escrevo, mesmo que nunca tenha começado, mesmo que ainda não tenha terminado de fato e papel passado eu escrevo. Jogo na minha própria cara uma milhão de vezes quanto eu poderia sofrer se eu tivesse prolongado, ou se eu tivesse deixado. Obrigada, por ser você quem me faz sofrer, de outro eu não sofreria nem aprenderia.
Obrigada por ver as pintinhas do meu rosto, e falar que eu acordo feia, que eu vou faço compras feia, que eu sei ser feia e linda ao mesmo tempo. Por falar que meio termo comigo não existe surtar é a minha especialidade. Por me perceber.
Se não tivesse surto não tinha como reconhecer a minha felicidade depois, preciso reconhecer. E digo, sou mãe mesmo. Cuido, adoto, dou beijinho antes de dormir e não por carinho, por uma necessidade extrema de cuidar e expelir esse meu ódio de ser cuidada, de sufocar expelindo meu ódio de ser sufocada. E aí eu aprendo que as pessoas querem ser cuidadas tanto quanto querem ser livres. Esse meio termo me deixa nervosa, e eu jogo tudo pro ar, aborto tudo de mim.
Depois que passa vem suas duas letras e ao invés de 8 escolho 80, te esqueço. Me esforço, leio você em todas as placas que passam por mim, mas eu esqueço. Mesmo que mais por fora do que por dentro. Ah, eu esqueço.

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