Foi só uma vez no passado

É, eu já te quis embrulhado pra presente com um laço de fita na porta da minha casa, e já te quis em viajem a trabalho no Alaska, com passagem só de ida, pra eu nunca mais ter que te ver de novo. Já quis não te sentir e já quis tanto te sentir que eu acabei culpando você por me sufocar, mas eu não cheguei a te dar essa oportunidade, era eu mesma que me segurava no fundo da piscina esperando a respiração disso tudo parar.
Sempre arranjo um jeito de sufocar. E na maioria das vezes eu faço isso sozinha com um travesseiro numa crise de tpm no meio da noite, o que eu até prefiro porque ele tem cheiro do meu cabelo limpo com xampu de damasco. O meu cheiro de começo e fim, de dia ou de respiração.
Com o tempo fica fácil viver com esses fins sufocados que não tiveram um bem um começo, o difícil é viver com começos que não tiveram bem um fim. Desses que me causam náuseas quando eu invento de querer te pensar de novo só pelo prazer de gostar do difícil, ai eu penso que pro “a gente” ia precisar de mais do que a dobradinha de química no primeiro dia de aula, foi melhor mesmo adiantar o sufocamento por isso eu também penso: que merda eu tava pensando quando eu já te quis?

Já pensou no depois?

Se você me ama mesmo, vem aqui então, é, agora e me ensina o que é essa porra de amor que todo mundo vive falando, esse que eu me arrisco as vezes a querer falar também, mas sinceramente pouco sei. Duvido que esse amor seja tanto a ponto de agüentar essa minha leiguice quanto ao mesmo. Duvido que você fosse me agüentar um dia. Você me idealizou. Você não me conhece.
Quando você começou a querer me “amar” eu era alguém bem diferente do que eu sou agora e provavelmente eu já estaria chorando, sentindo borboletas ou mandando copias dessa sua do que você chama de demonstração de afeto pra toda a minha lista de contatos do Messenger, porque eu acreditava que essa porra de amor pudesse funcionar pra mim. Hoje eu até quis twittar como eu estava me sentindo. Idiota.
Chega de achar. Achar não me ensina nada concreto. E meu “amor” nosso “amor” já me provou que definitivamente não está escrito nas estrelas, e que eu não sou uma linda mulher ou a personagem feliz no final de algum filme, quando eu to na real, esse seu “amor” não me resolve nada, não paga minhas contas, não tira minha PP do colégio, não me traz um sono de princesa e nem me faz ser rainha ou sequer mesmo princesa do seu reino.
É pra falar de amor? Então levanta a bunda da cadeira e me leva pra aprender, me tira da minha bolha, me faz correr riscos e ao mesmo tempo me faz sentir segura. Duvido. Duvido que você consiga, e duvido que você realmente queira. É bem mais fácil falar de amor com quem já acha que sabe. E eu não sou assim.

Azul

Às vezes eu tenho nojo de mim por ligar tanto pra você. E de te ligar. Mas depois de me remoer por horas, ficar chorosa e cheia de rancor eu sempre percebo que quem merece meu nojo é você, por não se abalar nem um pouco por mim.
Ainda bem que a ligação caiu – se é que caiu mesmo – e mais dessa vez eu mesmo que por telefone, vejo como você foi capaz de me tornar uma estranha na sua vida, e eu te invejo por isso. Porque eu é que queria te desligar de mim e me ligar pra frente.
Era você que odiava gente primeiro e me fez aprender a não gostar de gostar de ninguém. E é frustrante saber aplicar a lição em todo mundo, e não conseguir aplicar no professor.
Ainda bem que esta chovendo, e eu sei que você esta em casa. De fato, a chuva poderia levar toda essa sujeira que eu sinto quando eu falo com você, isso que faz essa enchente de lagrimas em mim, apesar de que toda água só vai embora se o ralo for limpo.
Tenho tédio de escrever sobre você na chuva porque eu sei que a hora que o cinza se for e o sol chegar eu vou querer te ligar de novo, vou achar que vou te ver de novo e agente vai roubar de volta o azul do céu de brigadeiro pra nós, porque daí na próxima chuva eu vou ter sobre o que escrever.

Preguiça de fim

Sabe o que eu queria? É, além de ganhar na loteria, passar no vestibular e uns sonhos com creme de padaria. Eu queria um filme de amor que eu não soubesse o fim.
Até que não precisa ser novidade. Pode ser até das antigas ou do Faroeste, tanto faz pra mim. Eu só quero um final inédito, mesmo que seja pra chorar. Só preciso quebrar um paradgma, porque lendas são desenhos que a gente pinta no dia do Folclore na pré-escola, o que eu quero é novidade.
Já conheço a cronologia de nascer crescer, florescer e morrer, e é assim com tudo. O tudo tem um prazo de validade, mas seria mais fácil se fosse "vide em todas as embalagens cheias".
Nesse filme, não tem que ter atores famosos, nem diretor consagrado. Só precisa de um roteiro bem trabalhado e um final surpreendente, daqueles que o cinema todo fique boquiaberto e bata muitas palmas, porque o que eu quero é novidade! E é o que todo mundo quer, mas insiste em deixar o "the end" subir com os créditos sempre, só por ter preguiça de fim.