Insight na sala de espera

É Valentine’s Day, bom isso não importa, mas é segunda-feira e adivinha só, eu tive um encontro! Um encontro de hora marcada com a minha dentista. Ela me conhece desde muito antes que você, ela fez por merecer pra ter um encontro comigo hoje. Ás 11:11 da manhã estava de jejum porque flúor me enjoa, estava fantasiada de vendedora de bíblia porque tive um domingo ruim, estava na sala de espera, esperando e penso muito que praticamente a vida toda é uma sala de espera, um cenário com cadeiras desconfortáveis, paredes em tom pastel, quadros com cópias de obras famosas aleatórias, revistas Caras muito velhas e uma recepcionista nojenta, aonde você espera por algo que já sabe mais ou menos como vai ser, mas mesmo assim sempre volta, porque é necessário, e além de tudo paga caro por isso, porque é necessário. Penso nisso desde que tinha seis anos e tive meu primeiro desmaio, na cadeira da sala de espera da minha dentista.
Penso muito em muitas coisas, e isso sou eu. Sou eu não por esse motivo, mas por ter tantos. E como quem quer dizer “É Hanna, não tá fácil pra ninguém. Tá difícil pra todo mundo” minha dentista me aplicou uma anestesia local fortíssima, ela sabe que sou do time que prefere não sentir nada nunca a sentir dor. Ela me conhece super melhor do que você. E não me entenda mal, não é que não goste de arriscar, só não gosto de dor, principalmente quando eu já sei como vou ser levada até ela.
E durante quatro horas fiquei em casa anestesiada e pensando em como seria ter sentido dor, perdendo os pedaços de sorvete de limão na boca, te respondendo coisas que eu não realmente queria dizer. Não são mentiras, mas minhas verdades soam mais mentirosas do que as minhas mentiras. Você sabe bem disso.
Minha dentista estava lá no meu primeiro desmaio, e por isso a sala de espera dela me faz pensar em como a gente espera demais as coisas. Esperei o final de semana passar pra tentar aparecer e te contar que sonhei com você de novo, durante uma noite inteira. E de tanto ensaiar e esperar chegar, esperar passar, você apareceu primeiro na segunda-feira como de costume, com um papinho furado que hoje, já depois de tanto tempo, mesmo sabendo que já sei, eu digo que gosto, me acostumei, eu espero por isso, sei que você paga caro e ainda assim volta, porque é necessário.