Berê

Precisei de um tempo pra mim hoje, agora, nesse minuto. Tô com tédio de não dormir no meu quarto, de ensaiar mudanças que nunca acontecem, de ensaiar vontades que eu não mato e conversas que eu não vou ter.
Tô cansada de imaginar passeios com amigos que eu não vou ver, compartilhando segredos que... Bom, eu não tenho. Ou eu posso até ter, de fato mas, se é segredo eu não vou contar! Eu só confio em mim.
Se me cai cabelo o suficiente pra entupir o meu ralo e em todos esse tempo eu não fiquei careca, não tem como desistir. Sempre pode crescer uns fios novos, sempre pode e vai ser diferente se a gente não tiver preguiça de fim.
Mas enquanto se tratar de mim, você pode ir. E vai embora com essa minha mania de falar tanto “a gente”. De achar que sempre tem mais de insistir e se machucar e se doer e se chorar. De achar por si só. De se pensar demais e só pensar, quando tudo que eu queria falar pode ser uma expressão tão corriqueira quanto: foda-se. Mas é, ou é, só me esquece mesmo e me deixa com essa minha paz que inventei, minha curiosidade por qualquer outra acabou. Deixa eu me amar, sozinha, como eu sempre fiz. Deixa que na hora eu descubro mais uma forma de errar e ver que a qualquer momento eu já vou ter gasto todas as minhas respostas ensaiadas. Me deixa. Mesmo que eu seja pra você.


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título por Rodolfo Lorenzi e Marina Fernandes, meus entusiastas inspiradores das manhãs. CLAP

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