Pra não parecer que faz tanto

Ela voltou será que dava pra você voltar? Ela tá aí de novo, dando um novo fim pra aquela história tão parecida com a nossa, só não igual porque ela quando foi avisou que ia, deixou um bilhete, um luto real. Você não avisou que ia e foi, mas também não avisou que não ia voltar. Ela voltou, será que não dava mesmo pra você voltar?
Porque eu te espero. Porque quando não estou esperando por você estou esperando por mim, esse mim que foi ali saber o que era a vida e não voltou de vez nunca mais, mas apareço às vezes, e o que sou hoje chora tanto das histórias de quem eu era, mas também consola. Aparece pra vermos como estamos tão diferentes, como perdemos tanto de nós, será que meu nome é o mesmo? E o seu? Sei que precisa de mais do que querer, mas tô aqui vê se não tem um jeitinho de você voltar.
É que acho bem estranho passar de presente pra pendente, desaprendi a ser quem era sem te esperar. E não sei mais por quem espero, mas espero. Me esqueci de te deixar ir, escorrer por fim, pra um fim, a fim de me deixar. E quando soube que ela tinha voltado, ela quem mesmo? Não sei muito bem, mas quando soube achei que você poderia voltar também.
Volta e seca umas lágrimas do meu travesseiro, volta só pra me contar como foram essas suas férias de mim. E se logo depois você tiver vontade de ir de novo, tudo bem, só me avisa que vai pra eu não deixar a mesa arrumada de novo, pra eu não ficar aqui tentando parar o tempo pra não parecer que faz tanto. Pra eu parar de ver seus olhos em outros e enterra-los, pra eu parar de ver seus segredos em outros e engoli-los, pra eu parar de ver seus gestos, seus restos em mim.

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